Você quer conhecer quais são as 3 perguntas mais frequentes sobre pedra (cálculo) de vesícula?
Vamos lá:
1) Por que eu tenho pedra na vesícula?
2) Tenho que tirar a vesícula biliar toda? Entranho… porque no caso do rim só retiramos as pedras e na vesícula temos que tirar a vesícula toda? Não vai fazer falta?
3) Meu cálculo era muito grande, é pior?
A função da vesícula biliar é armazenar a bile. A bile funciona como um detergente natural que auxilia ao corpo humano na digestão das gorduras ingeridas na alimentação. Durante o jejum, a vesícula biliar se mantém em repouso (relaxada) e a bile permanece em seu interior. Após a alimentação (em especial, com a ingestão de gordura) a vesícula biliar irá se contrair e deste modo, bombeará toda a bile para o intestino, a fim de participar do processo de digestão das gorduras.
A bile é formada principalmente por sais biliares e água. Enquanto estes componentes estiverem em equilíbrio, a bile se manterá no estado líquido. Todavia, toda vez em que houver a perda deste equilíbrio, seja pela produção excessiva de sais biliares, seja pela maior reabsorção de água, a consequência será uma bile mais concentrada (saturada) e isto levará ao depósito de cristais no fundo da vesícula biliar. Com o tempo, estes cristais irão se agrupar formando os cálculos biliares.
Exemplo simples pra melhor compreensão:
Imagine um copo cheio de água. Agora vamos aos poucos adicionando sal (afinal a bile é composta principalmente de água e sal). No início o sal irá se diluir e sumir na água. Porém quanto mais sal colocamos, ele irá começar e se acumular no fundo do copo. Na vesícula é a mesma coisa. Uma disfunção da parede da vesícula fará com que haja pouca água ou muito sal biliar. Este excesso de sal biliar acumulado na vesícula formará os cálculos biliares!
O tratamento indicado é a colecistectomia videolaparoscópica, que consiste na retirada da vesícula biliar de maneira minimamente invasiva (através de pequenas incisões de 0,5 a 1 cm). No caso no rim, apenas retiramos os cálculos pois é rim considerado um órgão nobre que desempenha diversas funções essenciais a vida (assim como o fígado, não podemos viver sem os rins). A vesícula biliar por sua vez se assemelha ao apêndice. Já teve função bem mais nobre no passado distante mas pode ser removido sem grandes perdas. Como a doença é da parede da vesícula, que como vimos não mantém os sais biliares em equilíbrio. A única solução é retiramos a vesícula toda. Caso contrário em pouco tempo novos cálculos sé formarão.
Que bom. Neste ponto, pedra na vesícula parecem com escorpiões. Quanto menor pior! Escorpiões menores tendem a ser mais venenosos ao passo que os cálculos pequenos da vesícula tem maior facilidade de sair da vesícula e migrar para as vias biliares de grosso calibre e pâncreas, o que por sua vez pode gerar doenças gravíssimas e com risco de vida. O maior exemplo é a pancreatite. Tenha muito medo dos cálculos pequenos! Respeite os cálculos grandes!
A avaliação de um médico é fundamental!
Dr. Antonio Felipe Santa Maria – Cirurgião Geral